A 10 meses das eleições de outubro, a página oficial do PT no Facebook
tratou antigos aliados — agora concorrentes na disputa presidencial —
como "tolo" e "ovo da serpente". O primeiro adjetivo foi dirigido ao
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ironicamente um
companheiro "preferencial" desde a chegada do Partido dos Trabalhadores
ao poder, como registra a mesma nota. O segundo foi creditado à
ex-senadora Marina Silva, ex-petista e até ministra do governo Lula, mas
hoje empenhada em formar o próprio partido, o Rede Sustentabilidade. A
baixaria é um mau começo para a campanha sucessória.
Por menos memória que tenha o brasileiro, todos ainda se lembram das manifestações de junho, quando o povo foi às ruas — sem liderança e rejeitando apoios das legendas tradicionais — com tão grande quanto difusa lista de reivindicações. É para lá que devem olhar os partidos e candidatos, se querem fazer política séria. Ataques pessoais, gratuitos, descabidos e inverossímeis nada acrescentam à incipiente democracia brasileira. Desde o fim da ditadura militar e do resgate das eleições diretas, passando pela Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Carta Cidadã, a sensação é de que nenhum outro passo significativo foi dado em prol da consolidação do novo regime.
Pratica-se a política rasteira. Nega-se ao país a reforma política capaz de aniquilar os velhos vícios de um tempo em que prevaleciam os conchavos, o favorecimento aos amigos dos poderosos, o toma lá dá cá, o domínio dos caciques. Nem a saudável alternância no poder encontra espaço desimpedido. Eventuais renovações nas casas legislativas preservam o modus operandi. Não raro, trocam-se os nomes, ficam os sobrenomes. A corrupção campeia, com mais instrumentos que a favoreçam do que a combatam. Descaradamente, faz-se vista grossa até para esforçadas tentativas populares de ruptura com o status quo, como a Lei da Ficha Limpa.
Um Estado que admite condenados no exercício de mandato parlamentar não merece ser reconhecido como democrático de direito. E não se iludam os manifestantes: educação, saúde, transporte, segurança, o que seja, jamais terá padrão de qualidade compatível com os impostos pagos mantido o atual ambiente de desmandos. Mensalões continuarão a ser a moeda de pseudogovernabilidade, ainda que uma ou outra denúncia ponha um ou outro mensaleiro atrás das grades. Ações pontuais têm consequências pontuais. Assim é, inclusive, na área social, com os avanços contra a miséria empacados na ausência de políticas públicas que deem verdadeira cidadania aos resgatados.
Cabe ao eleitor encontrar estadistas dispostos à enorme tarefa de construção do Brasil de Primeiro Mundo, coadunável com a posição ocupada pelo país no ranking internacional de produção de riquezas, com PIB comparável ao dos grandes líderes globais. E cabe aos políticos que desejarem sobreviver nesta hora que impõe mudanças deixar de lado as picuinhas e responder ao desafio com propostas plausíveis.
Atitude propositiva é o que se espera deles. Basta de provincianismo. Do Maranhão, por vias transversas, acaba de ecoar estridente grito de chega! Afinal, permitir que bandidos contidos em penitenciárias determinem a eliminação de cidadãos livres — num país em que nem sequer ao Estado é autorizado decretar a morte de quem quer que seja — é retrato consumado do império da incompetência.
Por menos memória que tenha o brasileiro, todos ainda se lembram das manifestações de junho, quando o povo foi às ruas — sem liderança e rejeitando apoios das legendas tradicionais — com tão grande quanto difusa lista de reivindicações. É para lá que devem olhar os partidos e candidatos, se querem fazer política séria. Ataques pessoais, gratuitos, descabidos e inverossímeis nada acrescentam à incipiente democracia brasileira. Desde o fim da ditadura militar e do resgate das eleições diretas, passando pela Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Carta Cidadã, a sensação é de que nenhum outro passo significativo foi dado em prol da consolidação do novo regime.
Pratica-se a política rasteira. Nega-se ao país a reforma política capaz de aniquilar os velhos vícios de um tempo em que prevaleciam os conchavos, o favorecimento aos amigos dos poderosos, o toma lá dá cá, o domínio dos caciques. Nem a saudável alternância no poder encontra espaço desimpedido. Eventuais renovações nas casas legislativas preservam o modus operandi. Não raro, trocam-se os nomes, ficam os sobrenomes. A corrupção campeia, com mais instrumentos que a favoreçam do que a combatam. Descaradamente, faz-se vista grossa até para esforçadas tentativas populares de ruptura com o status quo, como a Lei da Ficha Limpa.
Um Estado que admite condenados no exercício de mandato parlamentar não merece ser reconhecido como democrático de direito. E não se iludam os manifestantes: educação, saúde, transporte, segurança, o que seja, jamais terá padrão de qualidade compatível com os impostos pagos mantido o atual ambiente de desmandos. Mensalões continuarão a ser a moeda de pseudogovernabilidade, ainda que uma ou outra denúncia ponha um ou outro mensaleiro atrás das grades. Ações pontuais têm consequências pontuais. Assim é, inclusive, na área social, com os avanços contra a miséria empacados na ausência de políticas públicas que deem verdadeira cidadania aos resgatados.
Cabe ao eleitor encontrar estadistas dispostos à enorme tarefa de construção do Brasil de Primeiro Mundo, coadunável com a posição ocupada pelo país no ranking internacional de produção de riquezas, com PIB comparável ao dos grandes líderes globais. E cabe aos políticos que desejarem sobreviver nesta hora que impõe mudanças deixar de lado as picuinhas e responder ao desafio com propostas plausíveis.
Atitude propositiva é o que se espera deles. Basta de provincianismo. Do Maranhão, por vias transversas, acaba de ecoar estridente grito de chega! Afinal, permitir que bandidos contidos em penitenciárias determinem a eliminação de cidadãos livres — num país em que nem sequer ao Estado é autorizado decretar a morte de quem quer que seja — é retrato consumado do império da incompetência.