A presidente Dilma Rousseff decidiu abortar, logo na posse da nova ministra-chefe da Secretaria de Políticas para a Mulher, Eleonora Menicucci, o fantasma que já assombrava os parlamentares evangélicos e católicos. Os fervorosos religiosos sequer esperaram a posse. Já acionaram a bateria de artilharia contra Menicucci antes mesmo de ouvir o seu discurso de posse. Pior, antes de prestar atenção às orientações da presidente Dilma sobre o assunto. Com todas as letras: “Tenho certeza de que meu governo ganha hoje uma lutadora incansável e inquebrantável pelos direitos das mulheres. Uma feminista que respeitará seus ideais, mas que vai atuar segundo as diretrizes do governo em todos os temas sobre os quais terá atribuição”.
Mais direto impossível. Eleonora Mnicucci pode ter suas convicções, como a própria presidente Dilma tem. Mas não vai impor suas vontades ao governo. Dilma – filha, mãe e avó – já deu sinais mais que claros de que os temores dos religiosos não têm qualquer abrigo no governo. Muito antes pelo contrário. A presidente não vai meter a mão numa cumbuca como essa, cheia de cobras, lagartos e escorpiões. Do alto de sua popularidade e autoridade, já mandou o recado. Adiantou?
Os oportunistas de plantão – o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente – não perderam a chance. Deitaram falação e distribuíram demagogia, já que têm público, o próprio eleitorado, para isso. É discurso vazio, parece sermão de pastor iniciante do interior do estado. É um desrespeito à Bíblia que tanto invocam. Usam as palavras de Cristo para fazer política. O problema é que não invocam o santo nome em vão. Ele rende votos. A política brasileira já deveria estar madura o suficiente para discernir os fanáticos dos oportunistas. Mas os Eduardos Cunha da vida ainda existem. Uma pena.