A crise na oposição parece não ter fim. Esboça-se o início de conflito entre democratas e o PSDB, não bastasse a disputa surda entre Aécio Neves, Geraldo Alckimin e José Serra pela liderança da oposição e a criação do PSD, que arrancou parlamentares até do ninho tucano – seis vereadores só em São Paulo. A ideia da fusão dos dois partidos pode até ser boa para o DEM, que já teve a sua morte prenunciada. O momento é que é inoportuno. O partido acabou de receber um golpe mortal, com a fundação do PSD, protagonizada por Gilberto Kassab, político que tem forte ligação com um dos cardeais do tucanato, José Serra. Falar em fusão agora parece uma tentativa tucana de incorporação.
Não à toa a ideia foi rechaçada de pronto pelas lideranças democratas. Os tucanos vão mal, mas os democratas vão pior. Mais desgastante que a briga em si é a briga em público. O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) apontou a sua metralhadora para o novo dissidente, o “cão fila de Bornhausen”, o ex-tesoureiro do DEM, Saulo Queiroz. Este também de malas prontas para o PSD. E acusou Jorge Bornhausen de estar minando o partido. Em casa sem pão, digo em partido sem votos, todos gritam e ninguém tem razão.
Mas Caiado é político novo perto de Bornhausen. Este conhece as origens do DEM. Antes de se chamar assim, denominava-se PFL. E o PFL surgiu quando determinados políticos, um pouco mais espertos, viram que a ditadura estava com os dias contados. Racharam com a Arena e criaram o PFL. Caiado perdeu o bonde dessa história. Se assim não fosse, se lembraria que os arenistas de então reagiram da mesma forma à época.
O cômico da história é que os arenistas remanescentes criaram o PDS, que depois virou PP. Estes aprenderam. Já pularam há um bom tempo para o barco governista. Agora, assistem de camarote à crise, naquilo que restou dos desafetos de outrora. O diabo daqueles tempos, que provocou a dissidência na Arena, atendia pelo nome de Paulo Maluf. A história é cruel, especialmente com aqueles que teimam em desconhecê-la. Maluf ri melhor.