“Você sabe o que faz um deputado federal?” O parlamentar Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), que usou essa frase como slogan durante a campanha, pode ainda não conhecer bem a sua nova função, mas parece que aprendeu rápido como gastar a cota parlamentar. Desde que assumiu a cadeira na Câmara dos Deputados, em fevereiro, ele vem promovendo gastos, no mínimo, estranhos. O palhaço, que foi o mais votado no país entre os deputados federais, contratou por R$ 4,5 mil mensais a empresa de locação de automóveis Máximus Turismo Ltda., que a julgar pela sequência das notas apresentadas à Câmara dos Deputados, praticamente só trabalhou para ele durante cinco meses. Apesar de a empresa existir desde setembro de 2010, em fevereiro a nota apresentada por Tiririca foi a de número 0002, o que indica que seria um dos inauguradores dos seus serviços. Um mês depois ele apresentou nota de número 0003, em abril 0006, em maio 0009 e em junho 00012.
Mais estranho ainda é que a empresa, que diz ser capaz de sublocar 30 carros, estava fechada em plena quinta-feira à tarde. Não havia ninguém tampouco carros da Máximus estacionados no local. Na fachada, de aparência simples, há um banner com o nome da empresa, dois números de telefone e o endereço eletrônico, www.maximusvipservice.com.br, que não é possível ser acessado. Segundo informações, a loja estava fechada porque seu funcionário tinha saído do emprego nesta semana, mas que estava à procura de uma nova pessoa para contratar. A empresa tem 10 automóveis, sendo dois carros comuns 1.0 ( Siena e Gol) e oito tipo executivo, como Corolla e Ômega. Os executivos são alugados com motoristas vestindo ternos e alguns são blindados.
Logo no início do mandato, Tiririca virou notícia por ter contrato dois humoristas para auxiliá-lo em São Paulo, onde sequer mantém escritório político. Ele também usou dinheiro público para se hospedar num resort em Fortaleza (CE). Depois da repercussão do caso, o deputado devolveu o dinheiro da hospedagem.
Memória
Teste de leituraO deputado eleito com maior número de votos em 2010, teve sua diplomação colocada em cheque quando a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo anunciou que iria apurar indícios de que o candidato não saberia ler nem escrever. A possibilidade de impugnação de sua candidatura foi descartada em novembro, depois que Tiririca fez o teste exigido pela Justiça Eleitoral. Ele escreveu um parágrafo ditado pelo presidente do TRE-SP, o desembargador Walter de Almeida Guilherme, e leu duas matérias de jornal para provar os conhecimentos de leitura.