A presidente Dilma Rousseff (PT), que dá adeus em breve do comando do país, está aproveitando para limpar uma espécie de vitrine de obras para não deixar os louros para o seu sucessor. Ontem, em cerimônia relativa ao programa Minha casa, minha vida, fez questão de avisar: “Eu tenho a disposição de resistir. Resistirei até o último dia”. E aproveitou para soltar o verbo contra os desafetos.
É, pelo jeito, Dilma ainda não tinha conhecimento da goleada que sofreu na comissão especial do Senado. O placar pela admissibilidade do impeachment em razão do crime de responsabilidade foi de 15 votos favoráveis e cinco contra.
Afinal, a ainda presidente Dilma partiu para o ataque na cerimônia no Palácio do Planalto. Ontem, o alvo foi Michel Temer. “Não vamos nos iludir. Todos aqueles que são beneficiários desse processo, como, por exemplo, aqueles que estão usurpando o poder, infelizmente o vice-presidente da República, são cúmplices de um processo extremamente grave”, disse
Nem o afastamento do mandato e da presidência da Câmara salvou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de referências de Dilma: “Uma das práticas mais condenáveis foi a chantagem explícita contra o meu governo”. Segundo ela, a atitude de Cunha “era descarada”.
Enquanto Dilma soltava o verbo em vão, a comissão especial do Senado aprovava, com placar elástico, já citado, a admissibilidade do processo de impeachment. Antes, porém, foi obrigada a ouvir verdadeiras pérolas em plenário.
“Impeachment por causa de Dilma ser a primeira mulher”, argumentou a senadora Vanessa Gazziotin (PCdoB-AM). Ah!, então é isso, machismo. “É que estamos no momento para o fim da foice” voltou ao passado lá da Rússia Magno Malta (PR-ES). “Tem a impressão digital do senhor Eduardo Cunha”, garantiu o líder do PT, Humberto Costa”.
São só alguns exemplos. A balaiada de votos em favor do processo de impedimento é importante. E o impeachment é coisa séria.