Os tamborins silenciaram, mas a cuíca ainda vai roncar na política nas próximas semanas. O mestre-sala Eduardo Cunha (PMDB-MG) é quem vai empunhar a bandeira da pressão sobre o Palácio do Planalto. O PMDB anda furioso com a reforma ministerial, com o corte das emendas no Orçamento da União, com o tratamento que vem recebendo de gente graúda do governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT-SP), que não tem traquejo e diz não com facilidade que os peemedebistas não estão acostumados. Para piorar, outros partidos fazem coro e estão dispostos, a partir da semana que vem, a surpreender o governo com algumas votações indesejáveis. E isso sem contar as alianças nos estados.
Minas Gerais é um exemplo. Há um grupo capitaneado pelo senador Clésio Andrade (PMDB-MG) e pelo presidente estadual em exercício, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), que defende a tese da candidatura própria. O outro lado, que prefere marchar ao lado do ex-ministro Fernando Pimentel (PT-MG), garante ter maioria para vencer a convenção, com o presidente licenciado e ministro da Agricultura Antônio Andrade (PMDB-MG). Talvez, os prefeitos do partido sejam responsáveis por desempatar a disputa. E muitos deles preferem dar visibilidade ao partido no horário eleitoral gratuito para facilitar a própria reeleição, daqui a dois anos.
O certo é que o governo precisa afinar bem seus instrumentos e não deixar a bateria atravessar para não correr riscos desnecessários. A orquestra da aliança PT-PMDB ainda vai demandar muitos ensaios. A maestrina Dilma Rousseff precisa subir ao palco o quanto antes, até porque, entre os petistas, são numerosos os que preferem outro maestro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Deve ter sido por isso que a maestrina encontrou-se com o maestro ontem em compromisso que não constou da agenda oficial de Dilma. O assunto? A campanha da reeleição e o PMDB, é claro.