Plebiscito ou referendo? Nem um, muito menos o outro. A presidente
Dilma Rousseff levou ao Palácio do Planalto os líderes dos partidos
governistas para discutir a reforma política. Se a reunião já tinha
levado o nada a lugar algum, a pesquisa Datafolha mostrando brutal queda
na popularidade da presidente enterra a possibilidade de um consenso em
torno de assunto tão polêmico. Cada partido quer o que lhe convém. Cada
político faz as próprias contas de acordo com o seu mapa de votações. E
quem está ganhando o campeonato – 513 deputados e 81 senadores – não
muda as regras do jogo. Arriscar para quê? Para satisfazer o governo,
agora nem tão popular assim? Sem chance.
A partir de amanhã, o
restaurante do Congresso tem um novo prato, a salada mista da reforma
política, que não é servido à la carte. É self-service mesmo. Cada um
faz o prato saboroso que lhe convém. Além de alface e tomate, a salada
conta com ingredientes fornecidos pelos partidos. O PP, por exemplo, vai
de voto facultativo ou obrigatório, à escolha do freguês. E ainda
inclui mandatos presidenciais de quatro ou cinco anos com ou sem
reeleição. Já o PDT quer saber se o povo vai incluir o regime
unicameral. Significa acabar com o Senado. O maître Renan Calheiros
(PMDB-AL), presidente da Casa, tem alergia a esse ingrediente. Vai
encalhar na mesa de opções.
E tem mais. Vai de concessões públicas
de emissoras de televisão a unificação das eleições. Nem com muito
azeite uma salada que já começa assim dará certo. O prato já pode ser
batizado desde já. Vai se chamar “Reforma política no vinagre”.
Nas ruas, como ontem na Câmara Municipal de Belo Horizonte, os estudantes vão continuar com os protestos. O Congresso, na semana passada, ouviu um pouco do grito da juventude. Mas a salada mista da reforma política proposta pela presidente Dilma Rousseff provavelmente dará indigestão. Porque partidos como o PMDB sabem que a vingança é prato que se come frio.