O ditador Kim Jong-un, da Coreia do Norte, é um líder contraditório. Em
meados de dezembro, surpreendeu o mundo com o lançamento de um foguete
de longo alcance, desafiando a comunidade internacional, que ameaçava
recrudescer as sanções contra o país. No início de janeiro, apareceu na
tevê para saudar o ano-novo, em pronunciamento governamental inédito na
nação nos últimos 19 anos, e declarou ver 2013 como momento de
"reviravolta radical", propondo nada menos do que o fim do confronto com
a Coreia do Sul. Mas não deixou de defender o próprio regime nem de
enaltecer o poderio militar.
A bem da verdade, as contradições são uma peculiaridade do governo comunista que faz daquele Estado o mais fechado do mundo desde que caiu sob influência soviética depois da Segunda Guerra Mundial. Tanto que há mais de 30 anos a Coreia do Norte aderiu ao tratado de não proliferação de armas nucleares, mas testa mísseis de forma audaciosa e até já ameaçou "varrer" do mapa a enjeitada irmã do sul, com quem agora o novo ditador diz pretender reatar. Fica, pois, difícil acreditar na boa intenção de Jong-un, que está no poder há pouco mais de um ano, é neto do fundador do país, Kim Il-Sung, e sucedeu o pai, Kim Jong-il, morto em dezembro de 2011.