A recepção de pop star lembrou os tempos áureos de Barack Obama na campanha à presidência, quando estava no auge de sua popularidade. Ao entrar no palco do Theatro Municipal para falar a “todo o povo brasileiro”, os poucos privilegiados de classe alta que tiveram acesso ao local não contiveram a euforia diante do presidente-celebridade, que também não poupou seu charme de "malandro da Lapa" para encantar ainda mais os brasileiros. Em 22 minutos de discurso, Obama elogiou as belezas naturais do Brasil, os avanços sociais e econômicos conseguidos por aqui, a generosidade do espírito do povo brasileiro. Não fez mais que a obrigação. E colocou o Brasil como um exemplo para a Líbia (que já recebeu "1 milhão de mísseis" na cabeça!), por ter saído de uma ditadura para se tornar uma “democracia próspera”.
“Sempre que a luz da liberdade está acesa, o mundo se torna um lugar mais brilhante. Esse é o exemplo do Brasil (...), um país que mostra que a democracia oferece liberdade e oportunidade para seu povo”, afirmou o visitante. Em meio à tensão crescente na Líbia, e depois de ter ele próprio anunciado a intervenção militar no país, Obama se limitou, no discurso, a dizer que “ninguém pode dizer ao certo como essa mudança vai acabar”. Mas a mudança não é algo que devemos temer.”
Em praticamente todo o discurso, Obama manteve o tom de discurso de puxa-saco aos brasileiros. Segundo ele, o Brasil não é mais o “país do futuro”. “Para o povo do Brasil, o futuro já chegou”, afirmou, arrancando aplausos calorosos da plataéia babaca. O líder americano convidou o país a trabalhar junto com os EUA não como “parceiro júnior”, mas como iguais – uma das demandas já explicitadas pelo governo brasileiro. “Nossos países nem sempre concordaram em tudo. E como muitas nações, vamos ter diferenças de opinião mais para frente. Mas vamos nos unir, com um espírito de interesse e respeito mútuos, comprometidos com o progresso que podemos fazer juntos.” Enquanto isso o povo brasileiro é tratado feito um marginal nos consulados para obterem um visto. Ah, vai à merda!
Depois de visitar a Cidade de Deus, Obama elogiou no discurso os avanços conseguidos no Brasil na diminuição da desigualdade social, que “inspiraram o mundo”. Para ele, não só o esforço na área de segurança, mas também os programas sociais transformaram as favelas brasileiras. “O Brasil é um exemplo de que é possível sair da pobreza para a classe média sem uma economia fechada controlada pelo Estado”, disse, em uma referência indireta a governos da região, como Cuba e Venezuela. Assim sendo, ele deveria ter se hospedado na favela do Pavão-pavãozinho, que fica bem atrás de seu 'hotel 5 estrelas". É ruim, heim...
Lembrou que o país conseguiu vencer duas décadas de ditadura e que a presidente Dilma Rousseff participou da luta pela democratização no país, que teve um de seus principais momentos “fora desse teatro, na Praça da Cinelândia”. “Filha de imigrantes, sua participação no movimento fez com que ela fosse presa e torturada nas mãos de seu próprio governo. E ela sabe o que é viver sem os mais básicos direitos humanos pelos quais muitos lutam hoje”. Só esqueceu de dizer que o golpe de 64 teve o braço forte do governo americano, sem o qual Dilna Vana não teria sido torturada... E citou Lula como o exemplo de como aqui um garoto pobre pode chegar ao posto mais alto do poder. KKKKKK! Vai na cracolândia, vai...
Usando suas habilidades de bom orador, que sempre repete a mesma coisa, onde quer que vá, Obama pontuou mais uma vez seus interesses no Brasil, sem, contudo, transformar sua fala em um discurso político. Falou da necessidade de criar empregos nos dois países, mas também de promover a segurança energética, com especial atenção às fontes limpas e renováveis. “Metade dos automóveis deste país funcionam com biocombustível e a maior parte de sua eletricidade vem de hidrelétricas. É por isso que os EUA e o Brasil estão criando novas parcerias, para compartilhar tecnologias, criar novos empregos e deixar às nossas crianças um mundo mais limpo e seguro do que encontramos.” Será que o povo brasileiro sabe que o lucro dos carros vendidos aqui no Brasil vai para para o bolso do país do respectitivo fabricante? Será que o povo brasileiro sabe que o mesmo operário, nos EUA, ganha 3 vezes mais que o operário brasileiro, ajudando que o tal lucro chegue nas mãos dos gringos? Ressaltou também o interesse das empresas americanas em “ajudar a construir e preparar o Rio para as Olimpíadas” de 2016. E disse querer voltar à cidade para os Jogos. Não, obrigado!
Sobre as aspirações do Brasil, contudo, Obama não só foi breve, como indireto. Segundo ele, o país desempenha um “papel importante nas instituições globais que protegem a segurança comum”, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas deixou de fora qualquer comentário a mais sobre a aspiração brasileira de um assento permanente no órgão.O Brasil pode esperar sentado... bem feito! Quem não se dá ao respeito tem mais é que ser enganado!