A doença do vice-presidente José Alencar, da presidente Dilma Rousseff, e mais recentemente de Lula, suscitou o debate sobre o câncer e sobre o caos em que se encontra a saúde pública no Brasil. Tanto que os três correram imediatamente para o “5 estrelas” Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, submetendo com o que há de mais moderno e eficiente na luta contra o câncer, em vez de baterem nas portas dos hospitais públicos, onde milhões de brasileiros estão morrendo em filas de espera por exames médicos e remédios. Assim, enfrentar o câncer no Sírio-Libanês torna essa batalha, no mínimo, mais confortável. Deixo claro que isso não é antipetismo ou antilulismo. Isso é a realidade da saúde no Brasil.
Hoje li que o Hospital do Câncer de Barretos/SP (referência no país e no exterior) que deveria atender até 3.000 doentes por dia, por ter espaço e tecnologia, não tem profissionais suficientes para atender a demanda, deixando de prestar auxílio a 450 pacientes diariamente com um déficit de 38 oncologistas.
Diante do quadro, o diretor do Hospital, Henrique Prata, numa atitude antipática e contrária a ética médica, desprestigiou nossos médicos e faculdades de medicina, quando fez as malas e voou para a Europa atrás da contratação de profissionais da área. Segundo ele, por influência da crise européia, já há médicos desses países interessados em vir para o Brasil. Já que estão na merda mesmo, que venham os merdas disputarem as vagas de uma enxurrada de bons médicos existentes de norte a sul do país. Dilma adora prestigiar os donatários de capitanias apodrecidas. Mas, o problema da falta de médicos é outro. Senão vejamos.
Faltam médicos na rede pública porque o governo (municipal, estadual e federal!) brinca de pagar um profissional que passa 10 anos - entre faculdade e residência – estudando, e quase sempre enfrentando enormes dificuldades nos hospitais como a falta de linha para uma sutura, algodão, esparadrapo, macas, aparelhos etc e tal. R$ 1.500 é a média de quanto ganha um médico “iniciante”, porém, com anos de experiência. E nesse particular parece que o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo), Cid Carvalhais, concorda comigo quando diz que um salário maior é fundamental para a manutenção dos profissionais na área.
Dessa forma, o doutor Prata, certamente, embarcou na primeira classe, ficou em bons hotéis, comeu e bebeu o melhor vinho português e espanhol para desempenhar um papel de head-hunter no velho e falido mundo.
Senhor diretor do hospial de Barretos, o senhor não tem que ficar pedindo dinheiro aos empresários, tampouco ao povo para pagar as contas do Hospital do Câncer. Isso é com o governo federal. Se o PT não roubasse tanto e não gastasse tanto dinheiro com obras faraônicas, numa total inversão de prioridades, teríamos como pagar nossos médicos. Aliás, se a justiça fosse mais justa e desempenhasse seu papel de “fiel da balança”, a coisa seria ainda mais diferente. Até lá, vou lhe sugerir o seguinte: reúna o maior número de profissionais da área da saúde, vá para Brasília e faça um panelaço na porta do ministério da Saúde, com faixas, bandeiras com a cobertura da imprensa e trave uma batalha com o sistema, muita embora saiba que o senhor jamais fará isso, porque como dizia Willian Sheakspeare quem tem cú, tem medo. Além disso, é mais fácil deixar essa batalha para os cidadãos que não tem plano de saúde e não conseguem sequer saber o diagnóstico de uma doença para começar a tratá-la. Imagino que, só em pensar em perder seu emprego, status, carro, motorista e mordomias o doutor que não é de ouro, mas é de prata, não deixaria de perder o “brilho” do cargo.