A presidente Dilma Rouseff (PT), que faz tempo anda sumida do grande
público – só um seleto público privado tem tido encontros com ela no
Palácio do Planalto – faz hoje a primeira reunião ministerial de seu
segundo mandato. E o script já está traçado. Para inglês ver, ela vai
determinar que os ministros cumpram rigorosamente o corte de 20% no
orçamento que ela impôs a todas as pastas. E, claro, vai pedir que isso
seja feito sem prejuízo dos programas e obras. Só com mágica então, ou
há muito gordura sobrando e a faca será usada mais suavemente.
Na
verdade, porém, a presidente Dilma vai aproveitar a reunião para fazer
uma espécie de desagravo à sua equipe econômica, que tem sido alvo de
fogo amigo: os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento,
Nelson Barbosa, além do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. É
que lideranças petistas do porte de um José Dirceu têm condenado a
escolha da presidente, tanto da equipe quanto da condução da política
econômica. Em privado, até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) já deu pitacos que Dilma não gostaria de ouvir.
O fato é que
o governo demorou a tomar as medidas que deveria fazer por causa do
período eleitoral, o que fez a situação piorar ainda mais. Foi
perdulário e escondeu da população a verdadeira crise.
E não
adianta querer usar a desculpa de que a crise é mundial – motor da
economia mundial, os Estados Unidos voltaram a crescer já há algum
tempo, na ordem de 5% no ano passado, embora a Europa ainda enfrente
problemas. Além disso, no auge dos problemas nos países ricos, o Brasil
surfava em boa situação.
“Senhores, quero apresentar a vocês.
Este aqui é o Joaquim, este o Nelson e aquele o Alexandre. Depois de
mim, eles é que mandam.” Deve ser assim a primeira fala de Dilma na
reunião.