sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Remédios e planos de saúde fazem a festa dos estrangeiros no Brasil
O ritmo de crescimento das operadoras só não é maior, segundo as empresas, devido às regras impostas pela ANS. Com uma longa lista de procedimentos obrigatórios, qualquer plano ambulatorial (o mais simples deles, que não inclui internação hospitalar) tem de oferecer tratamentos complexos, como quimioterapia e hemodiálise, o que obviamente reflete no preço e acaba por afastar potenciais clientes. Mais de 70% dos consumidores de planos de saúde estão, basicamente, em duas categorias -- os funcionários de empresas que recebem o plano como benefício e os profissionais que compram pacotes por meio de associações de classe. Os trabalhadores informais das classes C e D ainda estão, salvo raras exceções, fora desse mercado. "É como se as empresas de telefonia fossem obrigadas a oferecer planos de 500 minutos e aparelhos smartphone a todos os clientes", diz Iago Whately, analista da área de saúde da corretora Fator. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, se fosse possível simplificar os pacotes, de modo a atender apenas a consultas e exames simples de laboratório, o preço da mensalidade poderia cair para 30 reais -- bem abaixo dos atuais 100 reais. A chance de mudança da atual regra da ANS, porém, é quase nula. "A segmentação pode valer para produtos de consumo, mas não para os planos de saúde", diz Fausto Pereira dos Santos, diretor-presidente da ANS. "Ninguém pode prever que nunca terá câncer e descartar esse tipo de cobertura."
Até que se tenha uma solução para essa queda de braço, as operadoras terão de encontrar outras formas de se aproximar de consumidores emergentes. A Bradesco Saúde, líder de mercado, passou a investir nas pequenas e médias empresas -- segmento em que cresceu 32% no primeiro semestre, ante 18% da empresa como um todo. Para chegar a um preço viável para funcionários de padarias e locadoras de vídeo, o Bradesco não pode mudar o tipo de assistência oferecida. A saída é restringir o alcance territorial da cobertura e a rede de hospitais credenciados. Medidas como essas resultam em planos que custam até metade dos mais baratos oferecidos a clientes tradicionais. Recentemente, a Bradesco Saúde fez mais um movimento que deve ampliar sua atuação nas classes C e D: comprou uma participação de 43% na OdontoPrev, maior operadora de planos odontológicos do país. Em razão da própria natureza do serviço, a empresa consegue oferecer planos que custam até 12 reais por mês, vendidos em canais como lojas das redes Magazine Luiza e Pernambucanas.
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