Antes de ameaçar os colegas da base aliada ao Palácio do Planalto, por causa da confusão na votação do projeto do novo Código Florestal, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), deveria prestar atenção aos números. Eles são eloquentes. Na votação que derrubou a sessão em que a proposta estava na pauta, o recado dos governistas foi claro. O levantamento é do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que gosta de lidar com números, até por dever de ofício. É analista de sistemas, como consta em sua página oficial no site da Câmara.
Foram 177 votos contra a derrubada da sessão. Destes, 42 eram de deputados do PSDB. Outros 37 vieram de democratas e mais 10 do PPS, os partidos de oposição. Da base aliada ao Palácio do Planalto, os campeões foram o PP, presidido pelo senador Francisco Dornelles (RJ), e o PR, do deputado Waldemar da Costa Neto (SP). Cada uma das legendas deu 18 votos contra o governo. O PMDB contribuiu com outros 16 votos e o PSB marcou posição com nove. Nem mesmo o PT, normalmente muito disciplinado, ficou de fora. Dois petistas fizeram questão de mostrar rebeldia e marcar posição em favor da votação defendida pelos ruralistas.
O recado não tem cara de palhaçada, embora o deputado Tiririca (PR-SP) tenha votado contra o governo. Está mais para um pugilismo explícito, já que o deputado boxeador Acelino Freitas (PRB-BA), o Popó, também defendeu a manutenção da sessão. Esta semana nada deve ser votado. O governo, no entanto, pode preparar o couro. As ameaças de Vaccarezza não vão surtir efeito. Os ruralistas podem ser aliados do governo, mas pensam antes em suas próprias fazendas.
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