O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (na foto, em seu gabinete), rompeu as três semanas de silêncio, mostrou-se enfático na TV ao dizer que não há recursos de campanha entre os ganhos de sua empresa, a Projeto, depois de faturar R$ 20 milhões só em 2010. Mas as declarações, exibidas ontem à noite no Jornal Nacional, da TV Globo, não conseguiram arrefecer o clima político entre os congressistas. Até uma parcela do PT continua na dúvida: “Vi parte da entrevista. Achei que está batendo na mesma tecla de antes, ou seja, que passou todas as informações a quem de direito. É uma forma de defesa, mas não vai arrefecer o anseio da oposição. Quanto ao PT, não sei, porque não conversei com ninguém. Eu confio no ministro Palocci”, comentou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP).
Devanir parecia prever as declarações do líder do DEM, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA): “A entrevista foi um tiro no pé porque não acrescenta absolutamente nada ao que já tinha sido divulgado, não traz novidades que ajudem a elucidar os indícios de irregularidades. Ele parecia nervoso, foi evasivo. Isso só reforça a necessidade de ir à Câmara se explicar. Ele não falou, por exemplo, que tipos de contratos tinha com os clientes. Infelizmente, as declarações só reforçam a postura evasiva e escapista do ministro”, afirmou ACM Neto.
Palocci se explicou por quase 10 minutos. Ele voltou a falar na cláusula de confidencialidade dos contratos. “Não me peçam para revelar, porque há cláusulas contratuais. Não posso expor terceiros. Mas nada é secreto. Nenhuma informação da minha empresa é secreta. Toda a vida da empresa está disponível. Não existe nenhum centavo que se refira a política ou campanha eleitoral”, disse ele, que, mesmo sem ser perguntado, foi direto: “Não há coisa mais difícil do que provar o que você não fez. Não fiz tráfico de influência. Não fiz atuação junto a empresas públicas, representando empresas privadas. Temos que acreditar na boa fé das pessoas. Espero ser avaliado com justiça”, disse ele, ao afirmar que não existe qualquer investigação envolvendo a sua empresa. Boa fé, ministro! Se vc não conta pra quem trabalhou como é que o senhor pode falar em boa fé? Ele fez ainda apelos para que as pessoas aguardem a manifestação da Procuradoria-Geral da República, que está analisando as informações prestadas.
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