Na tarde da última quinta-feira, Mara Braga precisou passar com a cadeira de rodas da mãe, Débora Silva, de 91 anos, no meio de dois carros estacionados, para colocá-la no automóvel do marido. Depois de aguardar, num estacionamento fechado, que Débora fosse ao médico, o genro tinha a intenção de encostar por alguns instantes numa vaga para deficientes na Rua Santo Afonso, na Tijuca, mas a encontrou ocupada por um táxi. Perto dali, na vaga destinada a ambulâncias, também havia um carro. Sem alternativa, ele precisou se valer da fila dupla.
— As pessoas não pensam no bem coletivo — lamentou Mara.
Perdoe-me, Mara! Mas não são só as pessoas que não pensam no bem coletivo. A prefeitura do Rio de Janeiro não cumpre a sua parte. Não fiscaliza! E tem sempre o mesmo discursso. Vou te provar o que estou falando.
Assim que tomou posse, tive a oportunidade de entrevistar o "Xerife", Ex-secretário da Ordem Pública do Rio, Rodrigo Bethlem que prometeu colocar ordem na cidade. Há dois anos, ele mesmo reconhecia que o Rio, "chegou a uma situação de calamidade pública". Dois anos depois os cães continuam nas praia, as bolas rolando nas areias, os ambulantes ocupando as calçadas, os carros em filas duplas, os flanelinhas agindo livremente, isso tudo na cara da guarda municipal. Já o secretário Rodrigo Bethlem, depois das promessas de "ordem e progresso", deixou o cargo no meio de sua gestão para ser eleito deputado estadual.
Observe na entrevista quando eu o pergunto: "Secretário, eu já vi esse filme. Início de governo é sempre a mesma história: vamos fazer e acontecer. O senhor garante que esse choque de ordem vai surtir efeito?". Sem pestanejar ele me responde: "Dessa vez, sim é o que o prefeito Eduardo Paes quer!"
Que credibilidade a prefeitura tem para vir dizer agora em "alta voltagem contra a desorden". E pior, como é que O GLOBO, ao invés de apurar o que foi feito nesses dois anos, estampa a seguinte manchete: "Prefeitura anuncia nova etapa do Choque de Ordem, com unidades ao estilo das UPF". Assista a minha entrevista.
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