No princípio era o verbo. Ex-presidente do Bank Boston, Henrique Meirelles (PMDB) disputa uma eleição no Brasil pela primeira vez em 2002 e se elege deputado federal por Goiás, e com grande número de votos da Assembléia de Deus. Depois veio o verbo, provavelmente no gerúndio, do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mais ou menos assim: “Eu vou estar te convidando para ser presidente do Banco Central no meu governo para acalmar o mercado financeiro. Você aceitaria?” Meirelles aceitou, foi obrigado a desistir do mandato na Câmara dos Deputados e ficou oito anos à frente da autoridade monetária do país. Implantou política ortodoxa com juros nas alturas e não se rendeu às pressões do empresariado. Com a eleição de Dilma, imaginou que poderia continuar. O próprio Lula chegou a pedir sua permanência a ela. Dilma bateu o pé e Meirelles deixou o BC.
No novo governo, ganhou honroso cargo na Autoridade Pública Olímpica (APO). Honroso por ser apenas uma honraria. Não passava de Rainha da Inglaterra. Desconfortável, começou a se queixar tanto do governo Dilma quanto de ex-colegas de ministério. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficou no cargo. E mudou a política do Banco Central, que baixou juros em plena crise econômica na Europa e Estados Unidos. E Meirelles lá, de longe, sentado em uma cadeira para cuidar da corrida de cem metros nas Olimpíadas. Aproveitou que o sinal foi dado, saiu em desabalada carreira, só que arrebentou a fita da porta de entrada do PSD, o partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
E para São Paulo Meirelles transferiu o seu título eleitoral. Lá, fica à disposição. Candidato à prefeitura? Pode ser, mas tem Afif Domingues no caminho. Ao governo em 2014? Só se for de vice do próprio Kassab. A presidente no mesmo ano? Henrique Meirelles só tem uma ambição desde que entrou na política. Subir a rampa do Palácio do Planalto.
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