A estagnação do PIB no terceiro trimestre não é, como disse o ministro da Fazenda Guido Mantega, uma "surpresa". As restrições do crédito, a alta dos juros básicos no final de 2010 e, obviamente, a crise externa, foram fatores de monta para reduzir o consumo por estes lados. Quanto ao investimento, este mantém-se modesto, por razões estruturais, para não dizer "históricas". Neste contexto, a ação do governo ao expandir o crédito (de novo) e reduzir os juros básicos faz todo o sentido. Todavia, convenhamos que a inflação está elevada (6,5%) e a indexação (sim ela existe!) ainda há de mantê-la incômoda em 2012, além de outros fatores sazonais (preços dos serviços, educação e alimentos). Este cenário, portanto, poderia ser simplificadamente denominado de "estagflação".
Isto ocorre pelas razões que elencamos logo acima, mas também pela incapacidade da atual administração de estruturar um plano de gestão de investimentos que mova a demanda para cima, sem que se force muito o consumo para o alto. Assim, a inflação poderia ficar contida pela modesta demanda por bens de consumo e a atividade ganharia força por meio dos investimentos em infraestrutura e aumento de produção, com efeitos positivos sobre a produtividade do país. O que não registramos, porém, é uma dinâmica governamental que crie as condições para isso. Em outras palavras : falta consistência na administração da economia e liderança política para criar fatos e gerar expectativas positivas.
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