O carioca é um bicho de tradições diferentes dos outros brasileiros.
Carioca fala chiado como os lisboetas, talvez por influência de D. João VI, que, fugindo de Napoleão, veio desembarcar com a família no Rio, que acabou se transformando na Corte portuguesa. O carioca curte muito comida portuguesa, não como os portugueses que se reúnem aos sábados pela manhã para comer sardinha assada em pequenas churrasqueiras de lata nas esquinas, mas carioca gosta de esquina, só que mais para bater papo e tomar cerveja, quase sempre acompanhada de um um salgado, que pode ser uma empada, que vem sempre do boteco mais próximo.
Carioca come tanta empada que seria possível se fazer, no Rio, um campeonato para esclarecer onde é servida a melhor empada da cidade. A disputa não teria poucos concorrentes. Tem a empadinha do botequim, que é servida no Jobi, no Leblon, e a de restaurante como a do Salete na Tijuca, que é mais fornida. Tem também as empadas mais tradicionais, como as do restaurante do Mosteiro, na Rua de São Bento, no Centro, perto da Praça Mauá, que levam fama de serem as melhores da cidade.
Como muita coisa no Rio, a casa dirigida pelo seu José Temporão, nascido em Portugal, de onde vêm muitas das tradições que ele preserva no restaurante, aberto em1964, com a intenção de trazer o melhor da culinária portuguesa para o Brasil. Hoje, mais de 50 anos depois, o que talvez seja uma herança portuguesa, o carioca também se reúne nas esquinas para tomar uma cerveja, como não costumam fazer outros brasileiros. Brasília, nossa capital, vejam só, sequer tem esquinas. Já o Rio, além de esquinas, tem muito botequim, e, quando não é o caso de uma cerveja em um "pé sujo", como foram injustamente apelidados esses estabelecimentos, muitas vezes dirigidos por portugueses, que mantêm variados estoques de bebidas e também costumam servir uns salgados meio cansados de esperar por comprador no balcão, tais como ovo colorido, joelho, linguiça frita e -- por que não dizer? -- empadas.
Bernardo De Lá Peñha
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