As milícias nascem da fusão do policial, antes protetor e libertador, com aqueles corruptos. Elas cobram proteção. Cobram comissão.
Até o momento evolui bem a ocupação do Complexo do Alemão depois da também bem- sucedida invasão da Vila Cruzeiro no Rio de Janeiro. Do ponto de vista estratégico, os territórios em disputa foram tomados. Podem acontecer conflitos esporádicos e até um grande pode ocorrer, embora pareça pouco provável.
A Arte da Guerra, parte da iniciação de qualquer militar, sustenta com todas as letras: “Ao inimigo cercado, deve-se deixar uma rota de fuga”. Aparentemente é o que faz a polícia carioca. Lamenta-se que o país seja obrigado a assistir a este espetáculo. São anos de pseudossoluções na área de segurança e no combate aos bolsões de pobreza. Não se pode deixar de comemorar as iniciativas que parecem mudar esse quadro. No Rio de Janeiro confluíram esforços entre governo federal e governo do estado para coibir as ações dos traficantes e o resultado até então é positivo.
Não é à toa que o atual governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tenha sido eleito com grande aprovação. Aparentemente Cabral abandonou as seduções militaristas iniciais no combate ao tráfico e implementa uma política de segurança que combina ações de forte presença policial e ações de integração social.
Mas Cabral tem longa marcha de desafios à frente. Primeiro suas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) colocam uma proporção de um policial para dezenas de moradores. Já na Baixada Fluminense a proporção é de um para 10 mil. Portanto, a reprodução pura e simples das UPPs é inviável. Talvez o governador pretenda tomar apenas a cidade do Rio de Janeiro do tráfico com vistas ao mundial de futebol e às Olimpíadas, mas o perigo é grande nesse caso. Exportar para as cidades periféricas o crime organizado pode fortalecê-lo ainda mais. Menos palco pode significar mais omissão.
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